Despedida


E lá estávamos nós novamente, como sempre fazíamos as manhãs de quinta, sentados conversando na beira do mar. Mas dessa vez era diferente, eu podia sentir, minha alma dava sinais de alerta desde sua chegada, frio e intocável.
Depois de um rápido comprimento e algumas coisas pronunciadas, nos calamos sem motivo ou aviso prévio. Passamos um bom tempo sem trocar palavras, carícias, sussurros ou olhares, como era rotineiro. Estávamos tão distantes e quietos que ouvia com clareza as ondas se quebrarem nas pedras e o vento soprando nas folhas dos coqueiros distantes. Resolvi adiantar.
- Esse então será o fim? –disse num tom que esbanjava medo a cada sílaba.
- De que fim está falando? Não sei do que se trata...
- Fazendo-se de desavisado e desentendido como sempre... Já deveria prever tal reação.
- Se tu me conheces tão bem, diga logo o que pensas que vim fazer aqui. – disse-me frio, com o olhar fixo nos grãos de areia que corriam de encontro a água salgada.
- Sei que está apaixonado por outra, ou que nunca anteriormente sentiu por mim o que se chama de amor.
- É você quem está dizendo isso. Não coloque palavras na minha boca, não as pronunciei.
- Olhe pra mim, nos meus olhos e me diga com sinceridade. Esse é o fim não? O nosso fim.
Fixei meu olhar nele. Depois de ouvir minhas palavras, ficou pensativo e inquieto. Alguns minutos depois, suspirou, virou-se em minha direção e me encarou. Seus olhos estavam distantes, pareciam amedrontados, porém certos da decisão tomada. Finalmente se pronunciou.
- Está certo. A verdade deverá prevalecer. Não a amo mais, ou pensando melhor, não tenho uma certeza de que um dia a amei com todas as minhas forças. Peço te desculpas. – ao serrar os lábios, John começou a lacrimejar. Olhando para o mar senti meu rosto ficar úmido, cada vez mais, lágrimas escorriam por sobre minha pele pálida, nesse instante senti o quão fortes e pesadas aquelas palavras soaram aos meus ouvidos.
- Você está certo disso? – falei com um pouco da esperança que me sobrava.
- Absolutamente. – disse convicto.
- Agora é hora de dizer adeus, então tome suas últimas doses e dê sua última gorjeta. - sempre fui um tanto quanto poética, e este era um bom momento de usar minhas frases melancólicas de despedida.
- Você é boa de mais para mim, não a mereço, pense dessa maneira. – enxugou minhas lágrimas, beijou-me a testa, se virou e partiu, deixando pegadas firmes na areia.
- Até mais. – foram as únicas palavras que me vieram à mente no momento. Senti um impulso de correr atrás dele, e implorar que desistisse e voltasse aos meus braços, mas algo me impediu, talvez eu fosse mais forte do que pensava...

O que aconteceu com o amor que um dia nos uniu? Como pôde morrer?


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Gente essa é a postagem número 100 do blog *o* Agradeço todos os comentários, responderei todos em breve :)

2 comentaram:

Anônimo disse...

bonito *-*

Bruna disse...

linkei vc :)

Adorei o textoo tbm:)







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