Novos horizontes

"A vida é um trem. Suba a bordo"

O caçador de pipas

Em um mês monótono, nada fazia mais diferença. Os ponteiros do relógio pareciam paralisados por uma espécie de feitiço descritos em histórias de fantasia, tudo era surreal e nada mais fazia sentido.

D. não sabia o que fazer. Andava distante de tudo e todos, mas tão perto fisicamente que ninguém sentia sua falta. Trabalhos atrasados ficavam se acumulando em cima de sua mesa do escritório. Ela realmente tentava fazê-los, sentava em sua cadeira velha e confortável, pegava um café expresso fumegante e olhava para a pilha de papéis em sua frente, mas nada saía a não ser rabiscos em folhas para rascunhos espalhadas por cima da bagunça.

Seu namoro andava tão baqueado que ela mesma nem fazia questão de ligar pra ele. Ele tinha o seu número, bastava discar que ela sempre estaria do outro lado da linha esperando suas palavras, como ela sempre esteve, esperando as idéias e pedidos dele. Pensando bem, ela havia deixado de viver, abandonado a sua própria vida para se importar com o bem estar das outras pessoas. Ela estava cansada de seguir regras e protocolos, ela queria descobrir o que realmente era VIVER.

Num belo domingo, de céu azul anil e encoberto de nuvens, D. resolveu. Ela iria pegar um ônibus qualquer em direção ao desconhecido.

Às 3 horas da tarde ela embarcara. Usava suas roupas preferidas, as quais só usava em ocasiões especiais. Mas pensando bem, era uma ótima ocasião para utilizá-las. Colocou seus fones nos ouvidos e foi a viagem toda escutando um bom blues e pensando no que estaria por vir. A próxima parada ela já sabia, era o destino, tão incerto quanto o tempo, mas ela estava feliz, porque do resto ela não se importava mais.

obs. post para o Bloínques